Café com Anime - Junji Ito Collection Episódio 12 [FINAL]



O que é bom (e o que não é também) um dia acaba, e Junji Ito: Collection não é diferente. Chegamos ao final do anime que finalmente tentou reproduzir com fidelidade a obra do mestre do horror Junji Ito. Foi uma tentativa justa, mas que não deu lá muito certo. Hora de conferir as conclusões que eu, Gato de Ulthar, juntamente com o Diego do É Só Um Desenho, o Vinicius do Finisgeekis e Fábio "Mexicano" do  Anime21, chegamos sobre esse anime ímpar.

Eu já apresentei o projeto Café com Anime anteriormente, mas para os desavisados, eu, Gato de Ulthar, juntamente com outros amigos blogueiros, estamos realizando análises semanais de animes da temporada, a medida que os episódios forem saindo, tudo em forma de conversa entre os participantes. 

Se você tem interesse em conhecer nossas expectativas para esta temporada, leia nosso post introdutório:

CAFÉ COM ANIME - ESCOLHAS E EXPECTATIVAS PARA A TEMPORADA DE JANEIRO DE 2018.




Gato de Ulthar-

Alô alô pessoal! Finalmente chegamos ao último episódio de Junji Ito: Collection, e o que dizer sobre ele? Primeiramente, não foi nada excepcional para um último episódio, nem ao menos tentou se destacar por ser o final da série, simplesmente foi mais um episódio como outro qualquer. Eu gostei particularmente da primeira história, teve uma aura lovecraftiana bem bacana, com a questão do objeto proibido que causa atração mas que é algo mortal, a árvore diabólica só colabora com essa impressão. O segundo conto, bem, é mais um do Souchi, o anime começou com ele e terminou com ele! Creio que foi uma das piores decisões da produção ter dado tanta ênfase às histórias dele, seria muito melhor ter três adaptações da Tomie do que do Souchi, francamente. E esse segundo conto foi fraco, nada destacável a declarar, só curti a última cena no pântano.
Acho que esse vai ser o único episódio que o Diego vai gostar, por ser o último :stuck_out_tongue:

Fábio "Mexicano"-

A primeira história serve como, huh ... uma metáfora para a gula? LOL
Já a segunda, ah vá te catar Junij Ito! Mais Souichi? Saquei qual é a sua, abrir e fechar com o dente de prego mais chato do junjiverso, mas pelo menos a primeira esquete poderia ter sido mais memorável então, não é? Teria compensado. E em qualquer caso, essa foi a pior esquete do Souichi de todas que tiveram no anime. Sem foco, sem uma história ou tema propriamente dito, foi um slice of life escolar ...! Eu tenho slice of life escolar muito melhor pra assistir nessa temporada, muito obrigado.

Vinicius Marino-

Pode não ter sido a pior esquete do Souichi, mas foram os piores valores de produção. Sério, algumas tomadas eram tão feias que parecem algo que eu desenharia
E a Fuchi ... Não funciona para mim. Eu não entendo o conceito. Para mim é apenas "vamos tirar sarro da feiosa porque é engraçado". Isto não é assustador, apenas cruel
Quanto ao primeiro conto, no entanto, me lembrou a poção mágica do livro O Jogo do Coringa do Jostein Gaarner, de que o Fábio é fã. O romance é bastante metafórico, como é bem o estilo do autor, mas a implicação é similar: existe uma bebida multicolorida misteriosa que contém todos os sabores do mundo. E ela é tão boa que não devemos bebê-la, do contrário o mundo perde o brilho. Ah, é ambas vêm de um país misterioso nas florestas da América Latina

Fábio "Mexicano"-

Oh, bem lembrado! Mas pelo menos a do Jogo do Coringa não vem acompanhada pela maldição de uma árvore vingativa :grinning:

Vinicius Marino-

Não, só a maldição de um coringa filósofo :grin:

Diego-

FINALMENTE ACABOU \o/
Caham digo... é, acabou. E de fato foi um episódio final bem qualquer coisa. Tivesse vindo no meio nem faria diferença. Mas eu até que achei a ideia do primeiro conto interessante. Já o segundo... Sei lá, ainda acho o primeiro conto do chupa-pregos pior, mas é claro que esse não foi nenhuma obra prima também. E eu diria que não entendo o apelo da Fuchi, como o Vinicius, mas a real é que eu não entendi o apelo de nenhum personagem nesse anime inteiro.

Fábio "Mexicano"-

Ah, vai, a Tomie é uma personagem recorrente razoável. Pena que no anime ela não foi recorrente. O Souchi é só um comédia, e a esquete desse episódio em particular não tem graça nenhuma, e a Fuchi pode ter algum apelo, consigo imaginar ela em histórias interessantes - a esquete solo dela no anime tinha potencial, só foi tão mal animada que me deixou completamente apático.

Vinicius Marino-

Eu entendo o Souichi ser comédia. Mas é aquele tipo de comédia que soa bem na nossa cabeça às 4 da manhã, depois de virar a noite tomando porre.
Eu até entendo um autor prolífico com o Ito fazer uso dele aqui e ali. É tanta esquete de terror que uma quebra de expectativas no meio acaba valorizando o trabalho. Mas três ou quatro episódios? Um terço do anime dedicado (conquanto parcialmente) ao Souichi? Foi demais.
Felizmente, Junji Ito foi uma série episódica. E eu gostei bastante de alguns episódios individuais e estou feliz de ter persistido nessa jornada meio asquerosa.

Gato de Ulthar-

Pensei exatamente a mesma coisa, de quem foi a ideia de gênio de enfiar o Souchi em três episódios? Não digo que a produção não acertou várias vezes na escolha das histórias a serem adaptadas, mas apostar tantas vezes em um humor tão peculiar e que certamente seria de difícil agrado? Quem dera tivéssemos três episódios de Tomie? Como o próprio Fábio disse.

Fábio "Mexicano"-

Um personagem feito para quebrar o ritmo não devia ser usado como pontuação pra marcar o começo e o fim do anime. Podia ter mais de uma esquete do Souichi, podia até ter essas três mesmo, mas não podiam abrir e fechar o anime. A Tomie poderia fazer isso, se queriam um personagem recorrente para pontuar esses momentos, por exemplo. Junji Ito é um anime de terror que frustra quando começa e frustra quando termina, e a culpa disso é quase toda do Souichi.

Gato de Ulthar-

"Junji Ito é um anime de terror que frustra quando começa e frustra quando termina." Infelizmente tenho que concordar com essa afirmação, mesmo que em parte, já que depois da frustração gerada pelo primeiro episódio fraquíssimo, o que veio depois foi lucro, já que encontramos belas pérolas jogadas aos porcos entre os episódios de Junji Ito: Collection.
Assim sendo, mesmo com um último episódio fraco, me contento com a obra ter superado em muito minhas expectativas depois de um começo bisonho.

Fábio "Mexicano"

Como é um anime episódico, eu me referia apenas ao início e ao fim mesmo. Tudo no meio é independente. Mas pareceria melhor se o começo tivesse deixado uma impressão melhor, e terminaríamos mais positivos se o final fosse melhor.

Gato de Ulthar-

Sim, concordo plenamente. O todo teria sido um pouco melhor com uma escolha mais inteligente de histórias a serem adaptadas.
Principalmente no começo e no fim.

Diego-

"Tudo" no meio ser interessante é debatível, mas certamente tiveram histórias mais interessantes do que outras. Mas eu sinto que o maior problema do anime nem foram as escolhas questionáveis de histórias e posicionamentos de histórias, mas sim a animação. Mesmo o próprio traço, que é bem inferior ao dos mangás do Ito.

Gato de Ulthar-

Nem tem o que reclamar da animação mais, é chutar cachorro morto. Foi simplesmente o reflexo de uma produção barata sem muitos recursos. Fazia tempo que eu não via nada tão mal animado. E teve alguns episódios, como o do circo, que a animação foi um desastre completo, não só na qualidade gráfico, mas com erros grotescos de continuidade. Junji Ito: Collection não foi consistente nem na má animação. O episódio que teve uma animação menos ruim foi o da Tomie mesmo.

Vinicius Marino-

Acho que essa armadilha era inevitável. Junji Ito tem um estilo feito para o mangá. Seria preciso muita inventividade (amparada por muitos recursos) para fazer algo atraente para as telas. Não parece ter sido o caso dessa série.
Eu até me pergunto se não há mais nessa história que não sabemos. Será que houve algum imperativo da produção? Contos que "atrasaram" e tiveram que ser remanejados na ordem dos episódios? Esquetes que foram cortadas e substituídas por outras na última hora?

Gato de Ulthar-

Será que é possível criar adaptar o traço de Junji Ito de uma maneira que um anime fique decente e não perca a identidade do traço?

Fábio "Mexicano"-

Não é só o traço, tem a quadrinização também. Acho que não dá para simplesmente transplantar uma obra do Ito para o formato animado. Mas isso não é ruim, dá para fazer algo com uma estética diferente porém equivalente. Ou você pode tentar fazer igual até o riscado, mas por falta de recurso faz só 10%, tipo esse anime...

Diego-

Dar sempre dá. Mas pra fazer isso seria preciso uma equipe competente dotada de tempo e de recursos, coisas que aparentemente faltaram a esta adaptação.

Vinicius Marino-

Acho que o anime bom de Junji Ito é igual ao filme bom de videogame. Se é possível fazer, ele ainda não foi feito. :stuck_out_tongue_closed_eyes:

Gato de Ulthar-

Vou dar minha opinião agora. Penso que não veremos uma adaptação de Junji Ito decente tão cedo. Eu poderia dizer que esse anime enterrou as chances de uma nova adaptação, mas duvido muito. Junji Ito é famoso e renomado o suficiente, não depende de uma adaptação para fazer sucesso. Infelizmente, tanto esse anime como a adaptação de Gyo foram coisas muito aquém do trabalho de Ito. O que mais me causa tristeza nisso é que o pessoal que passa a conhecer a obra de Junji Ito pelo anime ou por Gyo, acabam possuindo uma impressão muito errada de sua qualidade de artista.
Eu me diverti com esse anime, algumas adaptações foram muito boas, mas acho que no geral o anime foi um erro.
E na opinião de vocês, acham que esse anime valeu a pena?

Fábio "Mexicano"-

Eu gostei bastante. Mas ele é tão feio e tem umas esquetes que são sim tão dispensáveis que é quase um guilty pleasure

Diego-

Eu preciso dar a minha opinião? :smile: Bom, se sim: não, ele definitivamente não valeu a pena pra mim.

Vinicius Marino-

Junji Ito "Collection", para mim, foi isso aqui
Foi feio? Não, foi horroroso. Mas graças a ele conheci o potencial de Junji Ito, o que muito me agradou. Valeu a pena, embora não seja uma série que eu pretenda rever em nenhum momento futuro

Gato de Ulthar-

Acho que chegamos em um consenso (tirando o Diego :P) que o anime não foi exatamente ruim, pois nos deu um panorama interessante do trabalho do Junji Ito. Eu pelo menos nunca me senti forçado em assistir Junji Ito: Collection, se houvessem mais episódios ou outra temporada eu assistiria também (pelo que sei terá dois OVAs, os quais pretendo conferir quando estiverem disponíveis. O que matou o anime foi a qualidade de bosta de sua produção e certa escolha, por vezes de qualidade duvidosa, das histórias a serem adaptados.
E falando das histórias que foram adaptadas, quais esquetes foram as preferidas de vocês?

Diego-

Acho que a esquete dos sonhos longos foi que mais gostei. Foi um conceito realmente assustador, e que ainda assim traz uma série de questões a se pensar. Fora isso, o episódio do moleque que fazia coisas estranhas acontecerem na cidade estava para ficar legal quando acaba. Uma pena.

Fábio "Mexicano"-

O que eu mais gostei, sem dúvida, foi do conto Suave Adeus. Gostei bastante também da Cidade sem Ruas e, porque ficou hilário de tão mal feito, aquele do circo. Como episódio, gostei bastante do 10 por causa da sua combinação singular de contos (Oleoso e Ponte), por motivos extensamente explicados no Café com Anime respectivo. De absoluto negativo, o excesso de Souichi e o destaque que ele ganhou, abrindo e fechando a série. Também me frustrei por algo que não teve: queria ter assistido a Falha de Amigara.

Vinicius Marino-

Olha, de uma maneira geral, eu gostei dos vários contos que lidavam com a morte e o luto. Alguns foram mais fortes que outros, mas acho que todos eles integraram uma meditação comum. Foi como um tema e variação, que pela sua própria natureza fala alto a todos nós.
De resto? O episódio das marionetes foi visualmente assustador. Uma das únicas cenas de Ito que conseguiu ser transposta às telas sem perder seu flair aterrorizante.

Gato de Ulthar-

Também tenho que dar minha opinião né? Sigo com o Fábio, a adaptação que mais gostei foi a do Suave Adeus. Além desse, o anime nos reservou algumas pérolas, como o do longo sonho, das marionetes e o da Tomie. Gostei também do episódio das espinhas, o qual foi bastante completo. Teve outro que curti bastante, que foi o das realidades paralelas.
De negativo só os do Souchi mesmo, o restante não foi ruim, apenas mediano.
Vou encerrar por aqui nossa conversa sobre Junji Ito: Collection com algumas considerações que creio traduza nossos pensamentos sobre a série em maior ou menor medida.

Gato de Ulthar

Não foi um anime que fez jus ao talento assombroso de Junji Ito. A animação foi porca, isso tem que ser dito, não que isso seja desleixo da produção, já que parece ser mais culpa de um baixo orçamento do que qualquer outra coisa.
Além disso, é sabido como é difícil colocar como animação traços tão característicos como o Ito. Para isso ter sido feito com qualidade, necessitaria uma produção com grandes recursos, o que não foi o caso.
Mas nem tudo foi perdido, não considerei ele um anime ruim, longe disso, pois toda semana me senti curioso em acompanhá-lo, para saber quais histórias iriam ser adaptadas. Um anime verdadeiramente ruim nos faz ter desgosto em assisti-lo, como foi Kujira, o qual analisamos no Café com Anime.
Assim sendo, vejo ele como um anime meramente "OK", muito aquém da obra original. Também não considero como um meio eficiente para pessoas que não conhecem a obra de Junji Ito ter uma primeira experiência.
Vão ler os mangás dele que vocês ganham muito mais!
Com isso, encerro o Café com Anime sobre Junji Ito: Collection e parabenizo todos os possíveis guerreiros que nos acompanharam até aqui!

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